Indicações e riscos de cesárea?

A cesárea pode ser importante e necessária para salvar a vida da mulher e da criança, mas quando ela é utilizada de forma eletiva, sem indicações clínicas, pode aumentar os riscos para a mãe e o bebê. Os resultados do Global Survey, estudo conduzido pela Organização Mundial da Saúde (OMS), com 290.610 nascimentos (15.129 do Brasil), mostraram um risco seis vezes maior de complicações graves associadas à cesariana, especialmente quando realizada sem indicação clínica.

Informações extraídas da Caderneta da Gestante, 2016, Ministério da Saúde

 

Efeitos da cesariana para a saúde da mulher.*

No Brasil, na maioria das vezes ela feita antes da mulher entrar em trabalho de parto, principalmente no setor privado, onde 85% dos partos são por esta via. A cesárea agendada leva a um encurtamento da gravidez (menor idade gestacional ao
nascer).

No SUS, a cesárea mais frequente é aquela durante o trabalho de parto, espontâneo ou induzido.

Veja aqui os tipos de cesárea, no setor público e no setor privado, gráfico dos tipos

As altas taxas de cesárea fazem com que os bebês nascidos por esta via não tenham os benefícios de passar pelo o trabalho de parto, perdendo preciosos dias de gravidez que os faria nascer mais maduros, e deixando de receber o microbioma materno. Estes fatores implicam em riscos aumentados de doenças crônicas nos nascidos, como asma, diabetes, obesidade, e mesmo alguns cânceres, além de infecções e reinternações hospitalares no primeiro ano de vida.

Além disso, as altas taxas de cesárea estão associadas com o aumento da prematuridade, e das internações em UTI neonatal resultantes destes nascimentos antes da hora. Por essa razão em algumas regiões, como no município de São Paulo, temos uma maior taxa de prematuridade no setor privado do que no público, por causa das altas taxas de cesarianas agendadas antes do trabalho de parto se iniciar.

A cesárea é a cirurgia mais praticada do mundo, ela abre 7 camadas entre tecidos, músculos e gordura e o peritônio (camada que reveste e protege os órgãos do abdômen). Os riscos podem ser:

Cirúrgicos*
• Maior dor no pós-parto
• Maior risco de infecção
• Maior risco de hemorragia e necessidade de transfusão de sangue
• Maior chance de sequelas (cicatrizes, aderências, lesões de outros órgãos)
• Maior tempo de involução uterina
• Maior dificuldade e tempo de recuperação
• Maior chance de placenta prévia em gestações posteriores

Clínicos*
• Maior risco de tromboembolismo
• Maior risco de oligúria e insuficiência renal aguda
• Maior risco de hipertensão crônica pós-cirurgia
• Maior risco de edema agudo pulmonar pós-cirurgia

Puerperais*
• Maior dificuldade de amamentação
• Maior tempo de separação entre mãe e bebê logo após o nascimento
• Maior dificuldade na formação do vínculo com o bebê
• Maior risco de depressão pós-parto
• Maior tempo de internação hospitalar
• Maior chance de nova cesárea em gestação futura

Ela não deve ser uma opção de parto e sim uma indicação médica quando os riscos da saúde da mulher ou do bebê são maiores que os riscos da cirurgia

 

 

Efeitos da cesariana para a saúde da criança *

Como os dados que temos, é possível estudar a mortalidade dos bebês considerando o tipo de parto e a idade gestacional, nos setores público e privado. Veja aqui o artigo sobre mortalidade neonatal relacionado em idade gestacional

Efeitos a curto Prazo*
• as cesarianas podem ser uma barreira para o contato pele a pele após o nascimento
• Estudos demonstram que as taxas de amamentação precoce foram menores após a cesariana em comparação com o parto vaginal
• reduzida transfusão placentária e baixos índices hematológicos relacionados com o ferro, tanto na medula quanto no sangue periférico,
• estudos demonstram que. crianças nascidas de cesárea com 37 semanas evoluíram para quadros respiratórios graves, e necessitaram de tratamento com uso contínuo de oxigênio por três ou mais dias, pressão positiva contínua nasal, ou de qualquer período de ventilação mecânica.

A longo Prazo*

• A cesárea, a alimentação com fórmulas infantis e os antibióticos têm sido associados a mudanças na microbiota das crianças
• Relação com diabetes mellitus tipo 1
• Relação com sobrepeso e obesidade
• Influência de fatores pré, peri e neonatais sobre o desenvolvimento de autismo
• Efeito sobre a asma em criança
• Consequências sociais e para o sistema de saúde

* Assistência ao Parto e Nascimento (UNICEF, 2021)

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