As bases de dados em saúde brasileiras são muito melhores do que a da maioria dos países, mesmo de alguns países mais desenvolvidos, graças ao SUS e a uma importante “ militância” em defesa de dados de qualidade. Ainda não temos um sistema de informação que nos permita monitorar amplamente a mudança da assistência em direção a um cuidado mais humanizado, seguro e baseado em evidências. No entanto, os dados que temos disponíveis já nos fornecem muitas informações importantes que podem nos ajudar em nossas decisões.
Neste site queremos trazer informações que possam contribuir para fazer dessas recomendações uma realidade, para todas as brasileiras no setor público e no setor privado.
A tomada de decisões com base nos melhores dados disponíveis inclui tanto aqueles que resultam de estudos clínicos (por exemplo, que tipo de assistência é mais segura, efetiva, com maior satisfação), como indicadas nas Diretrizes do Ministério da Saúde, e nas recomendações da Organização Mundial da saúde, assim como os dados de onde encontrar uma assistência mais alinhada com estas evidências de boas práticas.
Em geral, classificamos os partos com base na maneira como eles terminam, em parto “vaginaI” ou em “cesárea”, ou “cesariana”. Mas hoje sabemos que as cesarianas podem ser muito diferentes entre si, assim como o parto vaginaI.
Hoje sabemos que é importante também entender como se inicia o trabalho de parto, se isso acontece espontaneamente, ou se ele é feito pelo profissional. Algumas vezes é importante antecipar o parto por motivo de saúde da mãe e do bebê, mas essas situações deveriam ser a exceção e não regra.
O trabalho de parto costuma se iniciar espontaneamente quando o bebê está maduro o suficiente para nascer, pronto para a vida fora do corpo da mãe. Por esta razão, as recomendações nacionais e internacionais indicam que sempre que possível (o que deveria ser a grande maioria das vezes) é mais seguro para o bebê e para a mãe esperar pelo início espontâneo do trabalho.
O trabalho de parto começa quando as contrações do útero vão ficando mais ritmadas, podendo ou não ser desconfortáveis. Essas contrações podem ou não levar à abertura do colo do útero. Esta é a chamada fase latente do trabalho de parto, que pode demorar horas, ou dias. Com a evolução do trabalho de parto, as contrações se intensificam, ficam mais frequentes e começam a abrir o colo do útero. Esta é a chamada fase ativa do trabalho de parto, e atualmente é a etapa na qual se recomenda a internação para o parto, pois as internações na fase latente são associadas a mais intervenções desnecessárias, que poderiam ser prevenidas com a internação no momento adequado..
Estes novos conhecimentos, que nos levam a valorizar o início fisiológico do parto e do seu desenrolar, devem orientar os serviços em uma reorganização que permita uma assistência mais flexível e atualizada, com uma experiência mais positiva de um parto com o mínimo de intervenções compatíveis com a segurança e o conforto da mãe e do bebê.
No Brasil, várias iniciativas têm buscado mudanças nesta direção, tanto no setor público quanto no privado, e nas instituições de ensino. (Aqui hiper link para Rede cegonha, ápice on, parto adequado).
Considerando tanto o início quanto o desfecho do parto, os partos com o início espontâneo podem terminar em um parto vaginaI ou em uma cesárea.
Os partos sem início espontâneo podem terminar em:
C
Chamamos de “parto espontâneo” quando se inicia espontaneamente, e termina em um parto vaginaI (pode haver intervenções aqui, mas elas não aparecem no SINASC)
Chamamos de cesárea anteparto quandoé feita sem que a mulher tenha entrado em trabalho de parto
A indução de parto é um recurso importante e útil, e que tem indicações clínicas precisas.
No entanto, tem que ser usado com muita cautela, uma vez que não é isento de riscos nem para mãe nem para o bebê. Atualmente em outros países existem check-lists de segurança nestes casos, mas ainda temos pouco monitoramento destes casos no Brasil.
Os partos induzidos podem ou não resultar em um trabalho de parto. Se o trabalho de parto se inicia a partir da indução, ele pode terminar em um “parto vaginaI induzido”, ou terminar em uma cesárea após parto induzido. Pode acontecer também de a indução não conseguir desencadear o trabalho de parto e ser feita uma cesárea, assim teremos uma cesárea sem trabalho de parto após uma tentativa de indução.
O trabalho de parto se inicia com alguma forma de indução e termina em um parto vaginaI.
O trabalho de parto se inicia após alguma forma de indução e termina em uma Cesárea.
RESUMINDO: TEMOS AQUI OS SEIS TIPOS DE PARTO QUE ANALISAMOS E QUE VOCÊ ENCONTRARÁ NO DASHBOARD
Apesar das evidências dos benefícios da entrada espontânea no trabalho de parto, e as várias companhas que divulgam sua importância, por exemplo a campanha da UNICEF, “Quem Espera Espera”.
As representações gráficas no município de São Paulo por exemplo acima revelam que no SUS (sistema público) 65% dos nascimentos são por via vaginal enquanto que no sistema privado é 16,3%. Estes números não dizem se os nascimentos foram espontâneos, induzidos ou se entre as cesáreas quantas foram iniciadas sem trabalho de parto. Para isto precisamos olhar para a as categorias ampliadas de parto.
Se observarmos as categorias ampliadas de parto em uma representação de série temporal, entre 2012 2 2019, percebemos …..
As chances de parto espontâneo diminuem com a idade, no SUS (de 43% nas mulheres com menos de 19 anos a 31% com as maiores de 35 anos) como no privado (de 11,6 nas mais jovens de 19 anos a 7,8% mais velhas de 35 anos).
No Dashboard do Parto dos Dados você pode observar as categorias ampliadas de parto em cada hospital/maternidade do município de São Paulo. Este mapa das maternidade podem ajudar na escolha da maternidade e também mostra através destes indicadores